Passagem para India...

Friday, May 19, 2006 3:40 AM Posted by Lucas Welter
O título é esse mesmo. É só para contar minhas primeiras impressões e coisas da viagem... Depois eu mudarei para Passagem pela Índia (Quando estiver instalado no hotel...).

Primeira cena. Sala VIP da VARIG no Rio.
Assistindo a Chatíssima, a novela das 8, eis que vi cenas interessantes, como a conversa entre gregos, turcos e judeus (salada, heim?) comentando que no fundo nós não somos assim tão diferentes e que temos muita coisa em comum. Minimização pura... Se a moda pega, a gente vai poder substituir um programa do AFS por uma novela da Globo... Imagina só, juntar uns adolescentes para ver a novela e depois fazer um debriefing... tá, vou parar de viajar, estou com sono... mas belo clima para entrar de cabeça na Índia: minimização, minimização...


O mundo é dos “ocupados” – Business VIP longe Lufthansa. Comida e bebida grátis. É claro, após as duas recepcionistas terem se matado de rir dos novos cartões de embarque da Varig em POA – tipo os da Gol, recibo de supermercado... Uma delas disse... a gente sabia que tava difícil, mas a esse ponto? Pois é, acabou que elas acabaram trocando os meus cartões de embarque com medo que mais alguém debochasse pelo caminho.


Ok, a Índia fica do outro lado do mundo mesmo, caso alguém não tenha se dado conta... Quando a gente estuda isso, lá na quinta série, nós não temos nem idéia de quão grande é o mundo. Não me admira os portugueses terem demorado tanto. Bom, para quem não sabia o caminho, eles até que acharam direitinho... Conheci um cara que tem outra versão: Se Colombo tivesse feito o tema de casa, eles falariam espanhol aqui na Índia... (típica cabeça de colonizador...) Ouvi isso de um espanhol muito gente boa que sentou do meu lado no vôo Munique-Delhi. Não conversamos muito no começo, mas depois que ele descobriu que eu falava espanhol (ele não fala inglês) o papo rolou sobre a Espanha de hoje, os problemas de governos na América Latina e impressões dele sobre a Índia (quarta viagem...). Até carona me ofereceu.

E o avião tinha internet wireless... a preços convidativos... mas só para ver se o negócio realmente funcionava, experimentei navegar nos sites grátis... e não é que funciona e é bem legal? Pronto, acabou a monotonia nos vôos... bom, ela (monotonia) volta quando acaba a bateria do teu laptop... viajantes de classe econômica não tem tomadas nas poltronas. Já escrevi aqui e repito: hay un mundo mejor, pero es carísimo.

Ainda sobre o vôo Munique-Delhi, a Lufthansa tem um repertório de filmes indianos, formatados para os vôos... Cortaram as cantorias (filme indiano que se preze tem cantoria e dança...) e só ficou com duas horas e meia... Seleção impagável. Nem dormi nesse trecho da viagem... (tá...)



E eis que chegamos em Nova Delhi, 7h10min da manhã. Avião parado na pista 25 minutos esperando um slot livre (estacionamento de avião). Nesse momento senti que minha conexão para Ahmedabad ia para o espaço... Corri para sair do avião, passei na imigração sem problemas (20 formulários) e minha bagagem já me esperava graças a etiqueta priority (mundo mejor, se acuerdan?)... corro para trocar dinheiro (1US = 50 rúpias), passo pela alfândega e saio do aeroporto. Sou abordado por uma infinidade de motoristas de táxis que começam me cobrando 500 rúpias pela corrida (20min) até o outro aeroporto. Não são dois terminais. Delhi tem dois aeroportos diferentes para conexões domésticas... Negociei por 200, atucano ele o percurso todo com o tempo (O tempo por aqui tem outra dimensão...) - No Rio de Janeiro pelo menos são umas mulheres (com vozes mais sexy...) que te aliciam com um convite, mais, hum, convidativo: Táxi, senhor?). A Índia precisa aprender com o Rio...

Cheguei no guichê da Sahara Air e me informam que o meu vôo estava lotado e blá, blá... só um pouquinho ... vamos re-route o senhor... tem uma diferença para pagar... 140 dólares.... mais cara que a passagem que tinha custado 126... no thanks... volto para o meu vôo confirmado do final da tarde. E com o meu motorista particular o tempo todo junto. Aí ele entendeu que eu não queria gastar nada... e topou me levar de volta por mais 100 rúpias... No final acabei pagando 350 rúpias... por pura pena (míseros 7 dólares por uns 30 minutos de táxi...).

Eu tinha uma passagem marcada para às 6 da tarde, uma vez que o tempo mínimo de conexão em Delhi é 3 horas (transfers e novos check-ins), mas tentaria pegar o vôo das 9h10min mesmo chegando às 7h20min, ou seja em 1h50min. E não é que mesmo desembarcando às 7h35min às 8h10min eu estava no guichê da Sahara Air (que se explodam lá no Sahara...). Varig e AFS Travel: dá para fazer em 1he30min!!!

Voltamos para o táxi, uma van bem pequena (mesmo), mão inglesa, ou seja, direção no lado esquerdo e ele começa a me empurar visitas aqui e lá... Expliquei que queria ir no Radisson e ele me explica que o Radisson é muito caro... e começa a fazer mil propostas de hotéis mais baratos... Contei que não pretendia me hospedar, apenas usar a infra-estrutura do hotel com ar condicionado, sem pagar nada enquanto esperava pelo meu vôo. Nesse momento, o cara se abriu. Disse que meu plano era muito smart... aí quis saber um monte da minha vida, quem eu era e o que fazia, conversa básica de táxi. E eu meio zonzo, completando naquela instante 38 horas de viagem e tendo que me conformar em fingir de hóspede num 5 estrelas por umas 7 horas...

Bom, pelo menos vou poder trabalhar um pouco e rever o material do treinamento. Instalado no lobby, abajur da mesa de decoração sorrateiramente desligado, fonte do computador na mão... próximo problema: adaptador: a tomada dessa gente é a coisa mais bizarra do mundo (e dos da minha coleção que funcionam em 150 países, nenhum entra aqui...) O pessoal eficientíssimo do Business Center me emprestou um e uma fita crepe (o treco tava com problemas) achando que eu sou hóspede... vou levar de souvenir...até num coffe-break eu já me enfiei e o concierge guardou minha bagagem. Cena de filme: o guri branquelo, de camiseta, de mochila, sem banho (muito desodorante...), com um laptop no colo sentado no lobby imaculado do Radisson New Delhi sem pagar um centavo. Vou tirar uma foto disso.

Bom, aqui vai o momento mais esperado: A primeira impressão para um ocidental (assim tipo Lucas Welter) é: trocar a passagem e voltar pra casa, correndo, digo, voando. Chegar na Índia é entrar em uma dimensão quase surrealista para nós ocidentais (mesmo os mais hippies...). Passado o susto, entra em ação o poderoso sistema de tentativa de adaptação e minimização intercultural ema, ema, ema. O país é realmente perfumado... mil odores diferentes, terrivelmente quente, caoticamente desorganizado, sujo até mesmo para nós... As pessoas são muito atenciosas o tempo todo, o inglês tem um sotaque hum... indiano?... mas tudo tem explicações culturais por trás e eu to aqui me esforçando para entender.

Agora é meio-dia aqui, 3h30min em Brasília. Deixa eu descolar um almoço. Os próximos dias serão mais tediosos em termos de novidades da Índia... mas segunda-feira o turista infernal volta à ativa. Publico isso quando chegar em Ahmedabad.

PS. Quem é que tá deixando mensagens de voz no meu celular? O negócio não funciona nem no Brasil direito quando está em roaming, quem diria aqui... Mas tenho recebido mensagens de texto sem problemas.
PS2. Eu sou duro... eu só consigo essas regalias descritas graças a um cartão Star Alliance Gold. Mundo mejor? Sí hay, pero es carísimo.

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